quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Quanto vale a sua palavra?


Por Luah Galvão  - Revista EXAME
Depois de alguns meses pelo mundo chegamos a uma conclusão: a nossa palavra, quando digo nossa incluo a grande maioria dos brasileiros, está valendo menos do que a palavra dos cambojanos, tailandeses, vietnamitas, indonésios …

Enfim, hoje temos o péssimo hábito de prometer da boca pra fora uma lista infindável de pequenas coisas: “Te ligo mais tarde hoje!”, “Amanhã volto pra comprar!”, “Passo na sua casa as 8 em ponto!”, “Segura essa oferta que o carro é meu!!”. E não ligamos mais tarde, não voltamos para comprar, chegamos com 40 minutos atraso e não voltamos para comprar o carro que ficou reservado e também não ligamos para justificar, avisar, cancelar ou explicar, só para piorar a situação!

É triste afirmar que muitos de nós, e eu me incluo nisso, falamos por falar !! Parece que esse comportamento é mais fácil do que assumir o desinteresse, as meias vontades e até um atraso real. A coisa está tão feia que a recíproca é verdadeira e hoje o que acontece do outro lado é o seguinte:

Seu amigo não espera mais a sua ligação e vai fazer as suas coisas, o vendedor não separa mais aquele objeto pra você, seu amigo não vai te esperar pronto e você vai ficar esperando pelos retoques finais e o vendedor é claro que vai vender o carro pro primeiro que se interessar …


No mundo corporativo não é diferente, quantas vezes você não escuta: “Em 5 minutos te entrego esse relatório” e o relatório só vem no dia seguinte. “Preciso desses números pra ontem !!” você corre como louco e o prazo era para próxima semana. “Amanhã todos aqui mais cedo para uma reunião importante” e quem marcou se atrasa.

Tanto no universo “pessoal” como no corporativo a coisa está na mesma, o ciclo da “boca pra fora” já está virando um hábito e aqueles que são firmes em suas palavras ou que dependem da palavra alheia estão ficando literalmente ilhados num mundo de falsas expectativas ou ilusões.


Minha ficha caiu no Camboja e a lição foi dada por uma mocinha muito simples vendedora de roupas típicas numa barraca de rua. Gostei de uma peça, mas fiquei numa dúvida se devia ou não investir. Olhei, revirei a peça e devolvi para mocinha que cordialmente indagou “mas a peça ficou tão linda, porque não leva?” e eu respondi da boca pra fora … “amanhã passo aqui de novo e levo”. Ela me olhou de modo triste e retrucou “ontem uma moça como você disse a mesma coisa e reservei o dia todo a peça pra ela, mas até agora ela não veio, acho que não vai cumprir sua palavra, eu sei que você vai acabar fazendo o mesmo”, falou sem ofender, falou o que o seu coração sentia e entendia.  Ela como cambojana vem de um povo que dá valor para tudo aquilo que diz, como em geral fazem povos de muitos países asiáticos que conhecemos durante a viagem.

Saí de lá pensando no número de vezes que para evitar dizer um não ou me livrar mais rápido de uma situação, falei o que deu na cabeça sem realmente prestar atenção que aquilo que dizia não tinha valor. Depois dessa experiência vivenciamos outras situações entre povos que matém aquilo que dizem e só proferem algo quando tem a certeza de que podem cumprir.

Chegamos a conclusão que o mundo dos que tem palavra é mais motivador, mais simples, mais fácil e mais gostoso de se viver pois basta acreditar naquilo que se escuta e falar aquilo que se acredita, nada a mais …

E você, qual é o valor da sua palavra ??
Seja, porém, o teu sim, sim! E o teu não, não! O que passar disso vem do Maligno. Mateus 5:37