Claudio de Cirineu, Abrão Lincoln, Vivaldo Costa e Henrique Alves |
Abraão Lincoln está preso desde
sábado(17), e se encontra a disposição da Justiça Federal em Porto
Alegre-RS. Ele é acusado de participar do esquema de venda ilegal de
permissões para pesca industrial, e foi um dos alvos da Operação
Enredados, deflagrada no dia 15 em seis Estados e no Distrito Federal.
Além de dirigente partidário até a sua
busca, Lincoln é presidente da Confederação Nacional de Pescadores e
Agricultores e tinha acesso ao alto escalão do extinto Ministério da
Pesca, que esteve na mira da operação desta quinta.
ENREDADOS
As medidas fazem parte da Operação
Enredados, deflagrada esta manhã, para desarticular uma quadrilha que
comercializava permissões ilegais para pesca industrial, documento
emitido pelo ministério -que foi integrado à pasta da Agricultura na
reforma ministerial promovida pela presidente Dilma Rousseff no início
do mês.
Estão sendo cumpridos 61 mandados de
busca e apreensão, 19 de prisão preventiva e 26 de condução coercitiva
em cidades do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, São Paulo, do Rio de
Janeiro, Distrito Federal, Pará e Rio Grande do Norte.
A quadrilha chegava a cobrar R$ 100 mil a
interessados em obter a permissão para a pesca industrial, visto
necessário para a prática da pesca de grande porte.
Parte das embarcações que conseguiam a
licença não cumpriam os requisitos exigidos para receber o documento. Em
outros casos, os integrantes da organização criminosa criavam
dificuldades a proprietários de barcos aptos, para pressioná-los a pagar
a propina.
O esquema contava com a participação de
servidores, armadores de pesca, representantes sindicais e
intermediários. Eles praticavam corrupção, tráfico de influência e
advocacia administrativa.
A investigação, a cargo da Delegacia de
Repressão a Crimes Ambientais, com apoio do Ibama, identificou crimes
como pesca ilegal e fraudes em documentação, que era usada para
distribuir pescado sem procedência no mercado.
Durante as buscas, a PF apreendeu mais
de 1.200 toneladas de pescados capturados ilegalmente, com valor acima
de R$ 3 milhões. Entre eles, havia diversas espécies em extinção, como
Tubarão Azul, Tubarão Cola Fina, Tubarão Anjo e Raia Viola.
Segundo Jair Schmidt, coordenador-geral
de fiscalização do Ibama, os danos são estimados em R$ 1,4 bilhão,
considerando os danos ambientais. Em um ano, foram aplicadas multas que
somam R$ 20 milhões, de acordo com Schmidt.
Em entrevista à imprensa na tarde desta
quinta-feira, em Porto Alegre, a delegada Aletea Vega Marona Kunde,
chefe da delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente da PF,
disse acreditar “que a operação não tenha deixado tentáculos nesses
órgãos”.